Pessoas com autismo estão morrendo décadas antes da média da população, revelou uma pesquisa realizada pelo Instituto Karolinska na Suécia.
Cientistas da Suécia analisaram dados de 27 mil pessoas com autismo e os compararam com quase 3 milhões de adultos que não têm a condição.
Eles constataram que os adultos com o diagnóstico de autismo morreram, em média, 16 anos antes dos membros da população geral.
Epilepsia e suicídio emergiram como as duas causas principais de morte precoce de pessoas autistas.
A organização beneficente britânica Autistica prometeu levantar 10 milhões de libras para lançar um programa de pesquisas sobre as estatísticas, descritas como “vergonhosas”.
Pessoas com autismo: características gerais do TEA
O autismo é um transtorno vitalício que afeta cerca de 1% da população e, segundo a Press Association, afeta a capacidade de se comunicar e se relacionar com outras pessoas.
Sendo uma condição dita de “espectro”, seus sintomas podem variar de leves a muito graves, de pessoa para pessoa.
O estudo sueco descobriu que as pessoas com autismo que também sofrem de um distúrbio de aprendizagem morrem mais de 30 anos antes da média da população, com a idade média de apenas 39 anos.
As pessoas com autismo que não apresentam entraves intelectuais morrem 12 anos antes da média, e mesmo autistas “de alto funcionamento”, com boas habilidades linguísticas e fonéticas, apresentam o dobro do risco médio de morrer jovens.
Entre 20% e 40% das pessoas com autismo sofrem de epilepsia, comparados com 1% da população geral. Os autistas sem entraves de aprendizagem também apresentam um risco nove vezes superior à média de cometer suicídio.
Pessoas com autismo no Reino Unido
O executivo-chefe da Autistica, Jon Spiers, comentou: “Esta nova pesquisa confirma a verdadeira escala da crise oculta de mortalidade no autismo. A disparidade de resultados de pessoas autísticas revelada nestas cifras é vergonhosa. Não podemos aceitar uma situação em que muitos autistas não chegarão a completar 40 anos de idade.”
Falando em Londres, Spiers acrescentou: “Queremos levantar 10 milhões de libras nos próximos cinco anos para financiar um grande programa novo de pesquisas no Reino Unido sobre a mortalidade no autismo.
“Trata-se de um montante muito importante para nós, algo que supera o que já levantamos em toda nossa história de entidade beneficente de pesquisas. Mas consideramos que é imperativo moral tomar a iniciativa de tentar entender melhor por que os autistas estão morrendo tão cedo.”
Comentando as descobertas, Mark Lever, executivo-chefe da Sociedade Nacional de Autismo, disse: “Os 700 mil autistas do Reino Unido e suas famílias vão se angustiar profundamente com essa descoberta. Nossa entidade não pode aceitar e não aceita um mundo em que os autistas morrem mais de uma década mais jovens que o resto da população.
“Embora este estudo seja baseado em uma pesquisa sueca, não temos razões para crer que a situação seja muito diferente aqui. Na realidade, tememos que possa ser pior. O governo e as autoridades nacionais de saúde precisam urgentemente estudar o que está acontecendo neste país e começar a corrigir os desacertos.
“Os autistas e suas famílias precisam de garantias do governo e do NHS [o Serviço Nacional de Saúde] de que este problema será levado a sério e que serão tomadas medidas para corrigi-lo.”
Referencias
Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost UK e traduzido do inglês.