Historia do uso da Cannabis Medicinal no Autismo

Cannabis medicinal: Em 2013, a CNN divulgou o caso de Charlotte Figi, uma menina americana de 7 anos diagnosticada com à síndrome de Dravet, um tipo de epilepsia bastante forte, que as vezes ocorre juntamente com o autismo.

Ela teve uma clara melhoria, depois de começar a ser tratada com o Cannabidiol, um dos componentes da Cannabis, que tem entre as suas propriedades a capacidade de acalmar as convulsões.


Na atualidade,existem medicamentos à base de THC aprovados pela Agência de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos [FDA].

Por exemplo, o dronabinol [Marinol®] e nabilone [Cesamet®], estão disponíveis no mercado americano na forma de pílulas para o tratamento de náuseas em pacientes submetidos à quimioterapia e estimular o apetite em pacientes com AIDS.

Por outro lado, aqui no Brasil à agência Nacional de Vigilância Sanitaria [ANVISA] en janeiro de 2017 registra o primeiro medicamento à base de canabidiol e THC, o Mevatyl.

Formalizando assim o uso da Cannabis medicinal como um componente em medicamentos a ser produzidos no Brasil e exportados, e viabiliza também, futuras regulamentações do seu uso em tratamentos médicos.

Cannabis medicinal e sua relação com o autismo

O que é autismo?

O autismo é uma desordem neurológica, descrita por Kanner em 1943, antes disso era considerado um tipo de esquizofrenia.

Segundo a classificação do DSM-V [2013], agora o autismo é denominado de Transtornos do Espectro Autista [TEA], e é considerada uma condição neurológica que afeta o normal desenvolvimento da pessoa doente, começa na infância e perdura a vida inteira.

Este transtorno afeta o comportamento normal da pessoa, como ela interage com os outros, a comunicação e aprendizado.

Também inclui a síndrome de Asperger e Transtorno invasivo do desenvolvimento não especificado.

Esta doença é chamada de “transtorno do espectro” porque diferentes pessoas com TEA podem apresentar uma grande gama de sintomas.

A pessoa autista geralmente tem problemas para manter uma conversa, evita o contato visual e normalmente tem interesses limitados e comportamentos repetitivos.

É comum neles passar muito tempo ordenando coisas e repetindo frases uma e outra vez, dando a impressão de estar no seu “próprio mundo”.

O que é Cannabis?

Sinônimos: Maconha, Marihuana, Marijuana, Achis, opio dos pobres…

A planta, cujo nome científico é Cannabis sativa, é mais conhecida no Brasil como maconha.

Ela é originaria da Ásia Central e atualmente se cultiva em muitas partes do mundo.

Autismo - cannabis, imagem da morfologia da planta de maconha
A planta de Cannabis sativa tem nas suas flores femininas uma maior concentração de TCH e CBD, aceites medicinais presentes nos medicamentos a base da maconha/ Acp

O uso da Cannabis medicinal teve seu início há 3 mil anos antes da era cristã, e seu uso atual é dirigido para a recreação ou como um medicamento.

A planta de Cannabis produz uma resina que contem compostos chamados canabinoides.

Alguns destes canabinoides são psicoativos como o THC [atuam no cérebro e alteram o estado da mente ou da consciência].

Assim, a cannabis tem mais de 5000 componentes destes 2 são os mais conhecidos e usados na medicina.

Delta-9-Tetrahidrocannabinol [THC]

conhecido por causar os problemas da adição, como alucinações e ansiedade.

Mas ele também atua como um grande antidepressivo, estimulante do apetite e anticonvulsivo.

Ele é indicado para o tratamento das seguintes doenças:

  • Mal de Parkinson
  • Esclerose Múltipla
  • Síndrome de Tourette
  • Asma
  • Glaucoma

Canabidiol [CBD] 

Este canabinoide apresenta efeitos positivos nas pessoas com epilepsia e outros problemas neurológicos, como:

  • Esclerose múltipla
  • Esquizofrenia
  • Mal de Parkinson
  • Dores Crônicas
  • Epilepsia

Cabe destacar que a cannabis fico na lista IV da Organização Mundial da Saúde [OMS] desde 1961, classificada como uma pranta perigosa e sim valor médico para a sociedade.

No entanto, diferentes relatos e testemunhas do uso medicinal da maconha em diferentes partes do mundo, levaram a OMS a reconsiderar essa classificação

Assim, em dezembro de 2020, os países membros da Comissão de Estupefacientes decidiram mover a cannabis à lista I, ou seja, o listado de prantas com um grande valor médico para a sociedade.

Medicamentos a base da Cannabis medicinal

O uso de Cannabis para fins medicinais remonta-se pelo menos 3 mil anos antes da era cristã.

Se começo a usa-la na medicina ocidental no século XIX, principalmente para aliviar a dor, as inflamações, espasmos e convulsões.

Por exemplo, o nabiximol [Sativex] é um extrato da Cannabis medicinal, a qual esta composto de THC e cannabidiol [CBD].

Este remédio, o nabiximol está aprovado no Canada [baixo a Notice of Compliance With Conditions [aviso de cumprimento de condições) ], para o alivio da dor em pacientes com câncer em uma fase avançada e para a esclerose múltipla.

Por outro lado, nos estudos pré-clínicos dos derivados da Cannabis medicinal, se investigou o seguinte:

Atividade antitumoral

  • Num estudo de laboratório de canabidiol [CBD] em células de câncer de mama com receptores de estrogênio positivos e negativos, se observou que causo a destruição das células cancerosas, enquanto teve pouco efeito em células normais da mama.
  • Outro estudo sobre o canabidiol em células de glioma humano, observou que, quando este remedio se administra junto com a quimioterapia o CBD pode fazer que a quimioterapia seja mais eficaz ao aumentar a destruição das células cancerosas sem danificar as normais.

Estimulação do apetite

  • Em muitos estudos feitos com animais, observou-se que o delta-9-THC e outros canabinoides causam uma estimulação do apetite e assim podem aumentar o consumo de alimentos.

Alivio da dor

  • Os receptores canabinoides [moléculas que se ligam aos cannabinoides] têm sido estudadas no cérebro, medula espinhal e terminações dos nervos do corpo em animais para entender suas funções no alivio da dor.
  • Nestes estudos observou-se que os canabinoides atuam para prevenir os problemas nos nervos [dor, dormência, formigamento, inchaço e fraqueza nos músculos] causados por algum tipo de quimioterapia.

Náuseas e vômitos

  • Os receptores canabinoides estão presentes nas células do cérebro e parecem desempenhar um papel no controle de náuseas e vômitos.
  • Em estudos com animais observou-se que o delta-9-THC e outros canabinoides podem agir sobre os receptores de canabinoides e evitar os vômitos causados por certos tipos de quimioterapia.

Ansiedade e sono

  • Por outro lado os receptores de cannabinoides do cérebro e de outras partes do sistema nervoso parecem desempenhar uma função no controle do estado de ânimo e ansiedade.
  • Entretanto, em vários modelos com animais foram observados os efeitos do canabidiol [CBD] no controle da ansiedade.

Conforme descrito nos parágrafos acima, as investigações sobre a Cannabis  medicinal concentram-se principalmente em pacientes com câncer e todos os estudos clínicos foram realizados em animais e não em seres humanos.

Efeitos terapêuticos da Cannabis medicinal em pacientes autistas

Em 2013, a CNN divulgou o caso de Charlotte Figi, uma menina americana de 7 anos diagnosticada com à síndrome de Dravet, um tipo de epilepsia muito forte, que as vezes ocorre juntamente com o autismo.

Esta menina teve uma clara melhoria após de ser tratada com o Cannabidiol um dos componentes da Cannabis, que tem entre as suas propriedades a capacidade de acalmar as convulsões.

Charlotte, que tinha mais de 300 crises convulsivas por mês, passo a ter apenas dois.

Além do controle das convulsões, a menina apresentou alguma melhora dos sintomas associados ao autismo: ela conseguiu manter contato visual com os pais e deixou de ter comportamentos tais como a autoflagelação e ataques agressivos.

Por outro lado as estimativas das pessoas autistas que apresentam quadros de epilepsia está entre 5 a 46%, sendo esta prevalência bastante elevada ao ser comparada com a média da população geral que é de 1%.

Entretanto são ainda necessários mais estudos para esclarecer de vez a relação entre o uso da Cannabis medicinal no tratamento do autismo.

Porém, devido ao crescente número de histórias de médicos e pais de crianças com sintomas severos de epilepsia e autismo que apresentaram melhorias quando eles foram tratados com a Cannabis medicinal.

Nos leva a esperança que, no futuro, substâncias como o canabidiol sejam uma opção segura para o controle dos sintomas em pacientes autistas e epilépticos.

Cannabis medicinal: situação atual

As diferentes propriedades medicinais da Cannabis e seus componentes foram o centro de diversas pesquisas científicas e debates durante décadas.

Por exemplo, o THC, um dos derivados da Cannabis medicinal a demonstrado ter benefícios positivos em pacientes com câncer e AIDS.

Autismo e Cannabis, imagem de diferentes apresentações da maconha medicinal
Diferentes apresentações de medicamentos baseados na maconha, desde soluções orais, aerossol, bolos, até folhas secas para  o chá / Acp

Na atualidade, existem dois medicamentos a base de THC os quais foram aprovados pela Agência de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos [U.S. Food and Drugs Administration-FDA].

Estes medicamentos são o dronabinol [Marinol®] e nabilone [Cesamet®], eles encontram-se disponíveis no mercado americano na forma de pílulas para o tratamento de náuseas em pacientes submetidos à quimioterapia e também para estimular o apetite em pacientes com AIDS.

Além disso, existem vários medicamentos baseados na Cannabis medicinal que foram aprovados ou, ainda, estão em processo de ensaios clínicos.

Um deles é o Nabiximols [Sativex®], um aerossol bucal que no momento está disponível em 28 países no mundo todo.

Aqui na Sudamérica esta disponível na Colombia, Chile e desde 2017 a ANVISA autorizo a venda dele nas farmacias, baixo o nome de MEVATYL.

Ele serve para o tratamento da dor neuropático que pode acompanhar a escleroses múltipla, este remédio é uma combinação de THC com o cannabidiol [CBD].

Também há um medicamento liquido baseado no cannabidiol chamado Epidiolex.

Este medicamento é comercializado nos Estados Unidos para o tratamento de dois formas severas de epilepsia infantil, a síndrome de Dravet e a síndrome de Lennox-Gastaut.

Quais são os países que legalizaram a Cannabis medicinal?

No Brasil, na data 08/05/2017 a [Anvisa] reconheceu a Cannabis sativa como planta medicinal.

Isto implica que o THC um dos principais componentes medicinais da Cannabis medicinal, seja removida da lista de substâncias proibidas no Brasil.

E, portanto, as empresas farmacêuticas brasileiras estão livres para produzir medicamentos a base de maconha medicinal para o mercado local e sua posterior exportação

Luta pela legalização da cannabis medicinal [em datas]

2014

Abril

A justiça permite que famílias brasileiras importem óleo rico em CANABIDIOL para tratamento de epilepsia rara, [síndrome de Lennox-Gastaut]

Produto disso, ANVISA, passa a receber mais pedidos de autorização de produtos à base de canabidiol

Dezembro

O Conselho Federal de Medicina autoriza médicos a prescreverem o canabidiol para crianças com epilepsia e sem sucesso em outros tratamentos.

2015

Janeiro

ANVISA tira o canabidiol da lista de sustâncias proibidas em remédios e o coloca em rol de substâncias controladas.

Agosto

STF começa a discutir se é crime portar drogas para uso próprio. Julgamento foi suspenso após pedido de vistas do ministro Teori Zavaski.

2016

Outubro

Conselho Institucional de MPF decide que importar pequenas quantidades de semente de maconha não deve gerar denúncia da Procuradoria.

Novembro e dezembro

Três famílias conseguem habeas corpus que as permitem plantar e extrair óleo de maconha para uso medicinal próprio.

2017

Janeiro

Anvisa registra o primeiro medicamento à base de canabidiol e THC, o MEVATYL

No caso que você precise de algum medicamento a base da cannabis medicinal, o ponto de partida é ter uma receita prescrita por um médico.

O passo a passo para obter o óleo de cannabis de forma legal, desde a consulta médica até a chegada do produto na casa do paciente está no seguinte link;

Saiba como conseguir seu óleo de cannabis

Por ouro lado em abril de 2020, a Pratti-Donaduzzi foi a primeira farmacêutica a receber autorização da ANVISA para vender canabidiol na farmácia.

Quem quiser comprar o fármaco direto no balcão, basta apresentar a receita, que será retida pelo farmacêutico.

Agora se você quiser produtos importados está a HEMPMEDS Brasil que realiza toda a burocracia para seus pacientes possam ter seus produtos.

Dita farmacêutica promocional no país os seguintes produtos a base de CBD:

  • Green Label
  • Blue Label
  • Gol Label
  • RSH-X
  • RSH-BR
  • RSH-K

Tambem é possível encontrar ditos produtos em marketplaces como:

Mercado libre

Amazon

MiisterCBD, é um site que oferece uma guia completa de lojas que vendem produtos a base da Cannabis medicinal.

Aqui na América do Sul, o Uruguai é o pioneiro nesta área, desde que, em 2013, legalizou o cultivo, a distribuição e o consumo de Cannabis medicinal. Também planejo a sua venda comercial nas farmácias “charrúas” desde 2016, mais com a saída do antigo presidente Mujica o projeto fico inconcluso.

Também, no 2015, Chile legalizou o uso de Cannabis medicinal, mais só neste 2017 as farmácias chilenas começaram a vender remédios à base desta planta.

Isso foi possível, graças a um convenio entre a produtora de Cannabis canadiense Tilray e a farmacêutica local Alef Biotechnology , que é certificada pelo governo chileno.

Os produtos medicinais são T100 e TC100 ambos são produzidos a partir do THC da Cannabis.

Mesma coisa acontece na Argentina, onde em março deste ano o congresso argentino aprovou o uso medicinal da Cannabis.

Referencias

  • MedlinePlus. Cannabis y Cannabinoides. 2017.
  • National Institute on Drug Abuse. Serie de Reportes de Investigación. La Marihuana. sept. 2015 National Institute on Drug Abuse. ¿Es la marihuana una medician? jun. 2015.
  • Estudo Revela: Maconha Afeta o Autismo Positivamente. Acessada em 23/05/2017
  • Anvisa inclui maconha em sua lista de plantas medicinais. acessada em 25/05/2017

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