O Glúten, sua origem e metabolismo nas pessoas autistas é um tema muito controverso hoje em día, já que se pensa que o glúten pode causar autismo.

Ele passou de alimento básico, a um vilão que causa problemas na raça humana, especialmente, desordens cerebrais, como o autismo

Em algumas pesquisas realizadas foram encontradas na urina de crianças autistas substâncias chamadas gluteomorfinas e casomorfinas derivados do glúten e caseína, respectivamente.

O mesmo achado se deu na urina de pacientes com esquizofrenia, psicose, depressão, hiperatividade e alguns disturbios autoimunes.

A pesar que  entre 30 e 90% dos autistas apresenta problemas intestinais, ainda, não há prova científica que relacione diretamente os casos de autismo com o glúten presente em nossos alimentos.

O que é o glúten?

A palavra glúten tem seu origin, do latim Gluten que quer disser “cola“.

Na natureza está presente no trigo, centeno, cevada y triticale, mais não está presente na aveia e nem o arroz.

Tendo como exemplo, a farinha de trigo esta composta principalmente por amido, proteí­nas [glúten] e lipí­dios.

Por sua vez, os componentes das proteí­nas são; albumina, globulina, gliadina e glutenina, a mistura das dois ultimas é referido como glúten.

Por exemplo, ao preparar a massa para o pão, estamos misturando a gliadina e glutenina e também formando o glúten.

Em nossa vida cotidiana, enxergamos o glúten, na plasticidade da massa para preparar pães, pizzas, massas, bolos, etc.

O que é o autismo?

Esta doença mental, autismo, foi descrita por Leo Kanner em 1943, no hospital Estadual de Yanckton nos Estados Unidos.

Todos os 11 pacientes descritos no relatório de Kanner tinham dificuldade de se relacionar com outras pessoas, condição que ele chamou de “solidão autista extrema”. Esta era, para Kanner, a principal caracterí­stica do autismo.

Além disso, a maioria das crianças descritas por Kanner, tinham dificuldades para falar ou usavam uma linguagem diferente.

Paralelamente a Kanner, outro médico da mesma nacionalidade, o doctor austriaco Hans Asperger em 1944, também examino crianças que não interagiam com as outras, tinham problemas na comunicação, porém, tinham habilidades excepcionais nas artes e as matemáticas. Isso chamo a sua atenção e usou o termo autismo para descreve-las.

Atualmente o autismo é considerado um conjunto de doenças [espectro autista], sendo que o Sí­ndrome de Asperger e uma delas.

Precisamente a primeira observação na história médica, sobre a possí­vel relação do autismo com o metabolismo das proteí­nas [glúten] vem de Asperger, quem em 1961 sugeriu uma possí­vel relação entre a doença celí­aca e o autismo.

Autismo e alterações do aparelho digestorio

A primeira evidencia da relação entre as disfunções do aparelho digestório e o autismo foi descrita em 1971 por Goodwin.

Este cientista identificou num grupo de crianças autistas um quadro clí­nico de má absorção intestinal. Depois de aquela observação, diferentes pesquisas do trato digestório de pacientes autistas identificaram as seguintes alterações:

  • Baixa concentração de alfa-1antitripsina
  • Elevada excreção fecal de calprotectina
  • Deficiência de enzimas proteolí­ticas
  • Permeabilidade intestinal anormal y
  • Deficiência de enzimas fenolsulfotransferase.

Por outro lado, o Dr. Redel no 2009 afirmo que, a pesar das evidencias, a heterogeneidade das condições relacionadas ao trato digestório, somado a isso a ausência de um quadro especifico, não permitem disser categoricamente que existe uma relação direta entre os transtornos digestivos e o autismo.

A elevada prevalência de sintomas gastrointestinais, 30 a 90% na população autista é o que permite essa associação entre o aparelho digestório e o autismo.

Alterações do metabolismo das proteínas e o autismo

Em 1961 o psiquiatra Hans Asperger, nota-se pela primeira vez, uma possí­vel relação da doença celí­aca e autismo.

Diferentes estudos subsequentes identificaram em a urina e outros fluidos corporais dos pacientes autistas, concentrações elevadas de peptí­deos, aminoácidos e substancias derivadas da digestão das proteí­nas tais como glúten.

Depois desses resultados, surgiram muitas teorias, tentando explicar uma possí­vel relação entre as proteí­nas dos alimentos e o autismo.

Sendo a teoria do excesso de peptí­deos opioides a mais difundida por pediatras e pais de crianças autistas.

A este respeito, o doctor Josep Artigas, do Hospital de Sabadell, Barcelona, Espanha. Menciona que a ideia que liga o autismo à  inflamação intestinal é baseado em uma teórica absorção excessiva de neuropeptídios tóxicos com ação opiacea que poderiam alterar as funções cerebrais numa fase inicial do seu desenvolvimento

A isto se soma a possível implicância da intolerancia ao glúten e caseí­na como fatores relacionados com a má absorção.

Portanto, os alimentos derivados do trigo e produtos lácteos teriam um efeito nocivo intrínseco e em maior medida, se há um problema de má absorção intestinal.

Peptídeos opioides derivados do trigo

O glúten corresponde a 80% das proteí­nas nos grãos. Ele é composto por duas proteí­nas a gliadina e gluteninan.

No estudo de Fukudome e Yoshikawa de 1992 foram identificados quatro peptideos opioides, derivados da digestão do glúten, estes foram nomeados de exorfinas do glúten e são A5, A4, B5 e B4.

As exorfinas derivadas do glúten são formadas a partir da hidrolises enzimática durante a digestão nos intestinos.

Quando a permeabilidade intestinal esta aumentada, elas possuem a capacidade de atravessar a parede intestinal, entrar na corrente sanguínea, penetrar no sistema nervoso central e atuar como substancia opioide.

O mecanismo que permite a passagem desses compostos pela barreira hematoencefálica ainda não foi elucidado.

Então esses peptí­deos opioides derivados do glúten, mais os peptí­deos gerados pelo proprio corpo causam um excesso desta substancia nos receptores do cérebro, o qual provavelmente origina os sintomas característicos do autismo.

Teoria do excesso de peptídeos opioides e autismo

As primeiras evidencias de que o excesso de opioides muda o comportamento de autistas foram descritas por Panksepp em 1979.

No seu primeiro trabalho, utilizando modelo animal, concluiu que o  excesso de casomorfinas [derivados da caseína da leite] induz ao comportamento de apatia e isolamento social.

Logo após, em pesquisas posteriores observou que animais jovens, expostos a drogas opioides, desenvolveram comportamento semelhante ao observado em crianças autistas.

A partir desses resultados Panksepp postulou a teoria de que a sí­ndrome autista é resultante da sobrecarga do sistema opioide.

Também outro cientista Dohan em 1980 foi o primeiro em levantar a hipótese de que peptídeos opioides derivados do trigo e do leite estariam associados á  etiologias da esquizofrenia e autismo.

Aumento da permeabilidade intestinal

De acordo com os pesquisadores  Valicenti-McDermot [2008] o aumento da permeabilidade intestinal permite a passagem de substancias derivadas da digestão pelas paredes estomacais para a corrente sanguí­nea de compostos que podem ser prejudiciais ao sistema nervoso central como as toxinas de bactérias presentes na flora intestinal e substâncias que tem afinidade por receptores do sistema nervosos central.

Alguns pesquisadores como White [2003] acreditam que a elevada permeabilidade da parede intestinal de autistas seja uma condição própria do autismo e que não está associada as doenças do trato digestório.

Em 1996 el doctor D’Eufemia  e seu equipe médico aplicaram o teste de permeabilidade intestinal em 21 pacientes autistas com idade entre 4 e 16 anos e que não manifestavam doenças do trato digestório e compararam com grupo de 40 crianças saudáveis da mesma faixa etária.

Eles concluí­ram que crianças autistas apresentaram maior permeabilidade intestinal do que crianças com desenvolvimento tí­pico.

Concluindo assim, que o aumento da permeabilidade intestinal não está relacionado a alterações do trato digestório.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme descrito acima, é claro que existe relação entre o glúten e diferentes patologias, como o autismo e doença celiaca.

Por exemplo, diferentes pesquisas apontam que entre 30 a 90% da população dentro do espectro autista, tem problemas intestinais.

Muitos desses casos estão relacionados a anormalidades comportamentais durante as refeições e presença de glúten e caseína nos alimentos consumidos.

A titulo de exemplo a doctora Lisa S. Lewis, PhD. É mãe de um menino autista, mora em Pennington, New Jersey nos Estados Unidos.

Ela é autora de um livro prático altamente aclamado sobre a preparação de alimentos para crianças com autismo, intitulado, “Especial Diets for Special Kids” [Dietas especiales para crianças especiais], nesse livro ela explica a necessidade dessas dietas e como faze-las, ademais inclui 150 receitas deliciosas para pessoas dentro do espectro autista.

Aqui no Brasil, o livro Reeducação Alimentar Sem Segredos tem muitas receitas de refeições livres de gluten e caseína.

Esse livro de esta nutricionista, Susan Martha, é uma ótima opção pra começar nessa reeducação alimentar da familia toda.

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REFERENÇAS

Artigas-Pallarés J. Autismo y vacunas: ¿punto final? Rev Neurol 2010; 50 (Supl 3): S91-9.
Nádia Isaac da Silva. Relação entre hábito alimentar e síndrome do espectro autista. 2011                                 Dissertação apresentada para a obtenção do titulo de mestre em ciências. Tecnologia de alimentos. USP.
Componentes del Gluten. Acessada en 07/05/2017.
Lisa S. Lewis Ph D. Empezando la Dieta Libre de Gluten y Caseína. Acessada en 07/05/2017