PREVALÊNCIA DO AUTISMO: em concordância com os últimos dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças [CDC], a taxa de autismo nos Estados Unidos é de um em 68 crianças na faixa etária dos 8 anos.
Dita pesquisa indica que o estado mais afetado é Nova Jersey a qual presenta uma média de 1 criança autista por cada 45 crianças saudáveis.
Outro aspecto importante, que assinalam os CDC, é que a quantidade de crianças avaliadas em aquelas 11 comunidades. Não constituem uma amostra representativa da população total dos Estados Unidos para essa idade. Em consequência esse resultado não poder ser generalizado para todo o pais.
Ainda assim, esses dados foram validados pela Organização Mundial da Saúde [OMS] a nível global. Entretanto não se publiquem outros estudos que indiquem o contrário.
Diante isto, surge a pergunta?, como que é, que um transtorno não contagiosa, como o autismo, pode se propagar por tudo o mundo?
Descrição e evolução do termo autismo
O autismo foi descrito pela primeira vez pôr o médico austríaco Leo Kanner [1894 – 1981], no ano 1943.
Naqueles tempos, Kanner trabalhava no Hospital Estadual de Yankton, Dakota do Sul, nos Estados Unidos.
Kanner fez suas pesquisas em 11 pacientes [8 homens e três mulheres], todos eles tinham sido diagnosticados como esquizofrênicos anteriormente.
Todos eram diferentes, alguns deles dominavam a linguagem verbal, outros eram completamente mudos, mais todos tinham problemas na interação social e a comunicação.
Leo Kanner, chamou este transtorno de Autismo Infantil e publicou seu trabalho em seu artigo Distúrbios Autistas de Contato Afetivo.
Desde então o diagnóstico do autismo, foi tornando-se mais popular e inclusivo.
Inclusão do autismo no DSM-III [1980]
Finalmente, no ano 1980, o autismo foi reconhecido como uma doença mental pela Associação Americana de Psiquiatria [AAP].
Na publicação do Manual Diagnostico e Estatístico dos Transtornos Mentais DSM – III, baixo o nome de Transtorno Difuso do Desenvolvimento.
Autismo ou Transtorno do Espectro Autista [TEA], no DSM – IV [1994]
A quarta versão do DSM, definiu ao autismo como um conjunto de patologias chamadas de Transtornos do Espectro Autista [TEA].
Estes foram divididos em cinco transtornos, os quais, algumas vezes eram denominados os Transtornos Generalizados do Desarrolho [TGD]:
- Transtorno autista [autismo clássico de Kanner],
- Síndrome de Asperger,
- Transtorno generalizados do desarrolho não especificado [TGD – NE],
- A síndrome de Rett e
- O transtorno desintegrativo infantil [CDD, por suas siglas no inglês]
Autismo e sua classificação no DSM – V, definição válida até hoje [2017]
No maio de 2013 foi publicado o DSM – V, nesta versão a síndrome de Rett foi retirado dos TEA.
Também o diagnostico da síndrome de Asperger foi eliminada é incorporada aos transtornos do espectro autista de grão leve.
O termo médico aplicado à síndrome de Asperger atualmente é Desordem do Espectro Autista de Nível 1, sem presentar comprometimentos intelectuais ou verbais.
Os três níveis de severidade na classificação atual do autismo são as seguintes:
- Nível 1, é considerado o mais leve [síndrome de Asperger]
- O nível 2, onde se encontram os casos meio a moderado e
- Terceiro nível, considerado o mais severo. [Autismo clássico de Kanner]
Ainda que outras características e novos termos sobre o autismo, foram introduzidas na literatura psiquiátrica, nestes últimos anos, a maioria das descrições de Kanner ainda são relevantes na atualidade.
Um em 68, vivemos uma epidemia de autismo?
No dia 9 de fevereiro de 2015, em seu discurso diante o Congresso americano, Dan Burton, deputado por Indiana, disse;
“Pelo menos 50% da composição do conservante timerosal é etil-mercurio.
À medida que nossas crianças passaram a tomar mais vacinas, atualmente mais de 30 antes de começarem a primeira série.
A incidência de distúrbios neurológicos, autismo e outros problemas mentais infantis cresceu dramaticamente.
Antes, de acordo com os CDC, um em cada 10.000 crianças era autista. Atualmente, esse número cresceu para 150.
Não há dúvida que estamos frente a uma epidemia de autismo. ”
Naqueles tempos o deputado D. Burton de Indiana, que tem um neto autista liderava um forte grupo contra as vacinas de pessoas famosas que tinham algum filho ou parente com problemas de autismo
O informe que fazia referência Burton, é o informe presentado pelo estado de Califórnia em 1999.
Nesse documento se registrava um aumento extraordinário do número de casos com autismo que receberam ajuda do governo nos anos 1987 e 1998, o qual teve um aumento de 273%
Como foi calculado a prevalência do autismo?
É claro que os estudos sobre a prevalência do autismo são de responsabilidade do governo em qualquer parte do mundo.
Por outro lado, diante da falta de dados estatísticos sobre o autismo em muitos países, os dados da Califórnia, foram validados mundialmente pela Organização Mundial da Saúde [OMS].
Prevalência do autismo, desde seu “descobrimento” até 1980
Sobre este tema, R. Grinker, antropólogo, professor da universidade G. Washington e pai de Isabel, uma menina autista, no seu livro Unstrange Minds comenta o seguinte:
Nas décadas de 1960 e 1970, os investigadores na maioria das vezes estudavam dados administrativos.
Eles iam a hospitais e clínicas e examinavam registros médicos para determinar o número de casos de autismo. Considerada nessa época como uma doença rara.
Esse método resultava em taxas de prevalência muito baixas, visto que o autismo era pouco comum.
Segundo R. Grinker, com uma doença como o autismo, a pesquisa precisa ser feita, no mínimo, em clinicas especializadas ou nos cartórios nacionais da educação especial.
Esses cartórios foram estabelecidos nos Estados Unidos em 1992 em consequência do Ato da Educação para Indivíduos com Deficiências [1991].
Antes disso, os pesquisadores consultavam os registros de pessoas diagnosticadas com autismo que procuravam serviços médicos, terapia ocupacional ou fonoaudiológica.
Contudo, esse método só contava os casos dos quais os clínicos já tinham conhecimento – em geral os mais graves.
Prevalência do autismo, desde 1980 até hoje [2017]
Atualmente, há uma consciência maior sobre o autismo e há mais serviços disponíveis e mais pessoas usando esses serviços.
Em decorrência disso, os registros oferecem uma indicação mais precisa do número de autistas, indo dos casos graves aos funcionais.
Prevalência do autismo e sua contabilização em três etapas
Os investigadores agora usam, de forma geral, uma abordagem de três etapas para contar os casos de autismo.
Primeira etapa
Em primeiro lugar, os pesquisadores pedem à diretoria das escolas ou aos profissionais da saúde que identifiquem casos em potencial.
Logo examinam as classificações das doenças em cartórios nacionais, locais ou em contagens de crianças da educação especial.
Essas contagens, que são enviadas para o Departamento de Educação, informam o número de crianças ás quais a escola ofereceu serviços de educação especial no ano anterior.
R. Grinker, afirma que o autismo não era uma doença oficial para o Departamento de Educação dos Estados Unidos até o ano escolar de 1991/92, de forma que raramente uma criança autista era mencionada nas contagens da educação especial antes disso.
Contudo, isso não significa que havia menos crianças autistas antes de 1991.
Segunda etapa
Nesta segunda etapa, e nas melhores das circunstancias, pais e professores preenchem questionários padronizados como:
- Questionário de classificação do autismo [ASQ, por suas siglas no inglês] e
- Questionário de classificação da síndrome de Asperger [ASSQ].
Esses questionários, que foram profundamente estudados para poder assegurar que diferentes pesquisadores que os usassem chegariam as mesmas conclusões.
Terceira etapa
Na terceira etapa os epidemiologistas usam diagnosticadores formados para entrevistar e identificar os casos indicados pelos questionários, preferencialmente com mais de um protocolo estruturado e confiável.
Eles usam para esse fim, os seguintes questionários:
- Programa de observação diagnóstica do autismo [ADOS] e
- Entrevista para o diagnóstico do autismo [ADI].
Na maioria dos estudos de doenças mentais, os pesquisadores usam apenas um protocolo,
Mas no estudo do autismo – doença com uma grande variedade de sintomas e níveis de gravidade – é uma boa ideia usar duas ou mais ferramentas.
Algumas são eficientes na identificação do autismo nos casos mais funcionais, enquanto outras indicam os casos graves.
Prevalência do autismo: relatórios dos CDC dos Estados Unidos
Os CDC, são os encarregados de realizar os estudos de prevalência do autismo, baseados na metodologia das três etapas.
A última pesquisa sobre a prevalência do autismo, foi realizada no 2010 e publicado no 2014.
Essa pesquisa foi feita em 11 sítios diferentes dos Estados Unidos, e a população total estudada foi de 363.749,00 crianças com uma idade média de 8 anos.
Esse número de crianças representava o 9% da população total de crianças nos Estados Unidos nessa idade no 2010.
Dito relatorio, afirma que a média geral dos 11 lugares estudados é de 14,7 por 1000 [1 em 68], ou seja, um menino autista por cada 68 crianças na faixa etária de 8 anos.
Prevalência do autismo infantil em diferentes estados de USA
Os relatórios dos CDC, também afirmam que existem diferenças significativas de um estado para outro.
Assim, um dos extremos é Alabama, com uma prevalência de 5,7 e no extremo oposto esta New Jersey com uma prevalência de 21,9 [1 menino autista por cada 45].
Prevalência do autismo em relação ao sexo nos Estados Unidos
Os dados daquela pesquisa, informam que a média dos 11 sítios estudados é de 23,7 por 1000 no caso dos meninos [um menino autista por cada 42], e de 5,3 por 1000 no caso das meninas [uma menina por cada 189].
Esse dado confirma uma vez mais, que o espectro autista se apresenta maioritariamente em homens que em mulheres.
Outro aspecto importante, que assinalam os CDC, é que a quantidade de crianças avaliadas em aquelas 11 comunidades, não constituem uma amostra representativa da população total dos Estados Unidos para essa idade.
Em consequência esse resultado não pode ser generalizado para todo o pais.
Comentários finais
Fazendo uma análise dos dados anteriormente mencionados, podemos disser que o número real de pessoas dentro do espectro autista, pode ser, ainda maior.
Já que os estudos dos CDC, são limitados aos casos já registrados no sistema de saúde pública e que receberam alguma ajuda do governo.
E possível que haja muitas crianças autistas na Califórnia – crianças de escolas particulares que não recebem assistência estadual, ou que não foram diagnosticadas ou que não tem acesso aos serviços de educação especial do estado.
Por outro lado, como jamais provou-se qualquer relação da prevalência maior de autismo com alguma região do planeta ou etnia
A Organização Mundial da Saúde considera os números dos Estados Unidos estimados para todo o planeta.
Segundo, Cristiane Silvestre de Paula, pós-doutora em Psicologia Médica e Psiquiatria e consultora do Comitê Científico da Autismo& Realidade.
Ela diz que, em tese, o Sistema Único de Saúde (SUS) está desenhado para atender as crianças autistas.
Na prática, porém, não existem estruturas suficientes para o atendimento.
Uma pesquisa piloto feita em 2010 em Atibaia, interior de São Paulo, revelou uma taxa de autismo de 0,3% em jovens de até 20 anos.
Por esses números, seriam necessários 258 Caps I (Centro de Atendimento Psicossocial para Crianças e Adolescentes) no estado. Hoje, são 30 Caps I para atender todos os distúrbios psiquiátricos.
Referências
- Centro para el Control y Prevención Enfermedades. 2014. Prevalence of Autism Spectrum Disorder Among Children Aged 8 Years — Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network, 11 Sites, United States, 2010.
- Manual Diagnostico y Estadístico de los Trastornos Mentales. 2013.
- Roy Richard Grinker. 2007. Unstrange Minds.
- Wikipedia. Epidemiology of Autism.
- Leo Kanner. 1943. Autistic disturbances of Affective Contact. accesada en 29/01/2017
- Rede Globo. 2014. Número de autistas no Brasil é desconhecido. acessada em 03/07/2017